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sexta-feira, 6 de agosto de 2021

ELIAS E OS PROFETAS DE ASERÁ E BAAL

 

LIÇÃO 4


Então caiu fogo do SENHOR, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rego”. (1Rs 18.38)

VERDADE PRÁTICA

O Senhor sustenta com sua forte mão todos os que estão dispostos a proclamar a verdade de que Ele é o único Deus digno de adoração.

 

Leitura Bíblica em Classe: 1Rs 18.22-24,29,30.38,39; 19.8-14

INTRODUÇÃO

Infelizmente, o povo, em todos os tempos, é muito inclinado à idolatria. Até ao diabo a Palavra do Senhor nos manda resistir, mas, sobre a idolatria Paulo nos diz: “Portanto, meus amados, fugi da idolatria”. (1Co 10.14) Ela é tão forte, tão traiçoeira e insidiosa, que melhor é fugir, do que querer enfrenta-la. Somos muito levados pelo que vemos. Foi só Moisés ficar um pouco mais no monte Sinai, que o povo de Israel, rapidamente, fizeram um bezerro de ouro, e proclamaram dizendo: “Estes são teus deuses, ó Israel que te tiraram da terra do Egito” (Ex 32.4).

O profeta Elias é um dos mais importantes personagem da Bíblia. Ele é o maior dos profetas orais. Quer dizer, aquele que a Bíblia mais registras suas falas, conversas. Ele trabalhou na oralidade e não na escrita. No monte da transfiguração ele aparece ao lado de Moisés conversando com Jesus. Veremos nesta lição o maior desafio de Elias, como profeta de Deus, pois se achava sozinho naquele momento, enfrentando 450 profetas de Baal e 400 profetas do deus Aserá (1Rs 18. 19).

Quem era Baal

Baal era um deus cananeu; ele era adorado naquele território, mesmo antes de Israel ali chegar, e continuou sendo adorado na vizinhança de Israel exercendo influência negativa sobre o povo de Deus. Tanto homens quanto mulheres eram consagradas para entregarem seus corpos à prostituição cultual no templo de Baal (Dt 23.18; 1Rs 14.23,24; 2Rs 23.7). O deus Baal, adorado por Acabe e Jezabel, erro oriundo de Tiro e chamavam-lhe Baal-Melcarte. A sua adoração envolvia mergulhos extáticos com ativação sensorial e intensa atividade sexual na prostituição sagrada. Diziam seus adoradores, que Baal dominava sobre o vento, as nuvens, a chuva, trovões e relâmpagos. Era o deus da fertilidade da terra (Os 2.10-13). Pela falta da Palavra de Deus, pois no tempo de Josias, o livro da lei foi encontrado no templo. Mostrando assim, que até os sacerdotes estavam totalmente alheios ao livro da Lei do Senhor (2Rs 22.8; Os 4.6). O povo de Israel, pela preocupação econômica (agropecuária), uma fraca teologia, uma frouxidão espiritual e promiscuidade sexual, foi levado a adoração a Baal, e a derrocada do povo de Deus.

 

Quem era Aserá

Aserá também é grafada como Astarte (Jz 3.7; 10.6; 1Sm 7.3), em babilônico como Ishtar ou, ainda, como Ashera (Jz 3.7; 1Rs 18.19). Era conhecida como a deusa da fertilidade, do amor e da guerra, e foi introduzida em Israel pela primeira vez, após chegarem a terra prometida (Jz 2.13; 10.6); Recebeu aprovação real de Salomão (1Rs 11.5) por meio dos cananeus com quem ele fez aliança. Nos cultos a deusa Aserá, se praticava várias orgias e rituais que o Senhor, o Deus de Israel, nunca pediu para o seu povo fazer, pois tais coisas atentavam contra a dignidade humana. Portanto, a adoração a esses falsos deuses incentivavam a degradação humana e toda sorte de abominação detestáveis pelo Senhor.

I – O DESAFIO NO MONTE CARMELO

1 – O zelo de Elias o leva diante de um confronto. O zelo do Profeta Elias, o levou a fazer um pergunta ao povo de Israel: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; e, se Baal, segui-o” (1Rs 18.21). O povo não tinha essa reposta porque estava em dúvida sobre quem, de fato, era o deus verdadeiro. Elias sabia muito bem, quem de fato era o seu Deus. Ele jamais faria tal proposta se não soubesse. Porém, o Senhor tinha provado para seu profeta, que de fato, ele era o Deus verdadeiro em vários momentos de sua vida.

2 – O problema de não saber quem adorar. A pergunta de Elias “até quando”, quanto a duplicidade “coxeareis entre dois pensamentos”. Havia um sincretismo religioso em Israel. Uma mistura de deuses. Duplicidade de adoração. Elias chama o povo e diz. Vamos acabar com essa dubiedade. Na Bíblia Almeida Revista e Atualizada diz: “Até quando vocês ficarão pulando de um lado para o outro? Se o Senhor é Deus, sigam-no, se é Baal, sigam-no”. Deus  não aceita esse tipo de adoração. Ele quer uma adoração única e exclusiva para Ele. A duplicidade de adoração, pode estar presente ainda hoje quando o povo de Deus perde o seu tesouro principal, que é Cristo, dividindo o coração com outras coisas. Os ídolos não precisam ser necessariamente feitos de material físico; eles podem estar escondidos no coração humano, como jesus mesmo falou: “Ninguém pode servir a dois senhores porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom” (Mt 6.24). Estando este ídolos no coração do homem, dali eles controlam toda a sua vida e decisões. “Fugi da idolatria”.

3 – O desafio do fogo. Elias era um homem íntimo de Deus. Para ele não precisava de provas, pois sabia o Deus que servia. O desafio era para o povo de Israel que coxeava em dois pensamentos. Os verdadeiros profetas de Deus, são pessoas intimas do Senhor, na oração, jejum, vida piedosa, e compromisso com a verdade. Esses homens que tem intimidade com Deus, são levados, impelidos, guiados, conduzidos no seu coração por aquilo que o Senhor quer fazer. Portanto, não foi a vontade de Elias lançar o desafio, mas a própria vontade do Deus verdadeiro a quem Israel devia servir. Assim como Elias confrontou os profetas de Baal e de Aserá diante da idolatria, os servos do Senhor devem estar dispostos a confrontar todo tipo de pecado nos dias atuais.

II – A ORAÇÃO DE ELIAS

1 – Os preparativos de Elias.  A primeira ação do profeta Elias, após os profetas dos deuses falsos, lutarem, clamarem, e nada acontecer obviamente, foi reparar o altar de Deus que estava quebrado (1Rs 18. 30-32). Não adianta clamar se o altar está desarrumado. Nosso Deus exige concerto, renovo. Ele disse através do profeta Josué “...Santificai-vos, porque amanha fará o SENHOR maravilhas no meio de vós” (Js 3.5). Quer ver as manifestações de Deus em sua vida, na sua família, na sua congregação? Então, arrume as pedras do altar. Assim fez Elias. Nesse preparo vemos: doze pedras, simbolizando as 12 tribos de Israel, cavou um rego ao redor do altar, colocou a lenha dividiu o bezerro em pedaços sobre a lenha e pediu que derramasse 12 cântaros de água, de tal maneira que molhou tudo que havia no altar, e ainda encheu o rego de água, eliminando qualquer chance de alguém falar que foi ele quem colocou fogo no altar, levantando dúvidas quanto ao milagre de Deus. Interessante também, é que Elias arrumou as 12 pedras. Ele era profeta no reino do Norte, poderia muito bem ter colocado apenas 10 pedras, porém, o profeta do Senhor, precisa estar pronto para combater as divisões em meio ao Seu povo.

2 – Uma oração confiante.  O pastor José Gonçalves afirma que a oração de Elias revela ao menos três fatos que são cruciais no contexto do livro de 1Reis: 1) Uma teologia correta sobre a divindade “Tu és Deus”; 2) Uma correta antropologia “Eu sou teu servo”; 3) Uma correta bibliologia “Conforme a tua palavra” (1Rs 18.36). Uma curta oração, porém, poderosa, confiante, sabendo a quem estava orando.

O motivo da oração era nobre: “... para que este povo conheça que tu SENHOR, és Deus” (1Rs 18. 37). Não para que vejam como eu sou santo, ou, que eu sou poderoso, não, não. Apenas queria que o povo conhecesse o SENHOR Deus, só isso e nada mais.

3 – A misericórdia de Deus. A resposta de Deus à oração de Elias, foi uma prova de sua infinita misericórdia, dando ao povo de Israel uma nova chance de adorá-lo como único e verdadeiro Deus. O povo, após ver o grande milagre, prostrou-se e adorou ao Senhor dizendo: “Só o Senhor é Deus, só o Senhor é Deus” (1Rs 18.39). A recompensa desse reconhecimento, e para mostrar, que o Deus do fogo, da chuva do vento, das nuvens, não era Baal, mas o SENHOR Deus de Abraão, Isaque e Jacó. O Deus que acabara de mandar fogo, agora manda uma torrencial chuva para aquela terra que estava a quase 4 anos seca.

III – ELIAS EM HOREBE

1 – Os feitos e a exaustão do profeta.  Tiago, o irmão do Senhor, fala que Elias era um homem sujeito as mesmas paixões que nós (Tg 5.17). Por isso mesmo, exausto, e com medo, ele foge da zanga de Jezabel. Elias fugiu sozinho para o deserto. Deitou-se debaixo de uma árvore de zimbro, pediu a morte e dormiu um profundo sono (1Rs 19.4,5a). Elias chegou a exaustão diante de tantos embates que enfrentou para fazer o povo de Deus voltar ao caminho certo. Jesus, para levar o homem ao verdadeiro caminho da reconciliação, antes da cruz, disse: “... a minha alma está profundamente triste até a morte...” (Mc 14. 34); Paulo, escrevendo aos coríntios disse: “Porque, mesmo quando chegamos à Macedônia, a nossa carne não teve repouso algum; antes, em tudo fomos atribulados: por fora combates, temores por dentro” (2Co 7. 5). Disse mais: “Em trabalhos, fadiga ...; Além das coisas exteriores, me oprime a cada dia o cuidado de todas as Igrejas” (2Co 11. 27, 28). A palavra grega para “fadiga” é mochthos, significando tristeza, dor, sofrimento, trabalho duro. Quando Paulo fala que lhe “oprime”, ele está falando das barreiras enfrentadas para o cuidado das igrejas.

Elias enfrentou vários fatores externos desgastantes que lhe causaram desânimo. 1) Oposição ferrenha ao seu ministério e as causas que defendia “... és tu o perturbador de Israel?” (1Rs 18. 17); 2)Desapontamento nas suas tentativas de êxito, como no caso do monte Carmelo, pois, nem sempre, nossos ideais são certo (1Rs 18.43); 3) experimentou carência de simpatia na resposta que deu a Deus: “ e eu fiquei só” (1Rs 19.10,14); 4) deixou-se desanimar pela situação espiritual do povo, porque sabia que a declaração de obediência obtida no Carmelo era apenas momentânea; 5) ele era um herói da fé (Tg 5.17, mas também um vaso de barro (2Co 4.7). Devemos tomar cuidado, porque, após uma grande vitória, um grande triunfo (no caso de Elias) pode vir um estado depressivo.

Elias enfrentou também fatores internos, com as suas próprias fraquezas e decisões tomadas, como: 1) o seu isolamento (1Rs 19.3b); 2) Assentou-se debaixo e um zimbro, demonstrando um estado emocional de desânimo (19.4); 3) dormiu, o que pode demonstrar uma situação de fuga da imensa dor de estar sendo perseguido (19.5); 4) colocou-se no lugar de falta de ocupação; 5) deixou-se envolver por sentimentos de autocomiseração e autopiedade, “e eu fiquei só” e, na segunda vez que Deus pergunta, ele responde que tinha sido “extremo zeloso” (19.14), quase que rancoroso. Mostrou uma grande incoerência, porque ele fugia com medo de morrer, e pediu para morrer (19.4,10). Ele senta debaixo daquele zimbro, em total decepção e exaustão ministerial, mas o que lhe salva é a sua sinceridade diante de Deus e a coragem de expor o seu coração diante daquele que tudo pode.

Foi lá no deserto  que Elias teve sua vida restaurada. Para o Cristão, o deserto é o lugar do desnudamento da alma, da abertura do coração e da exposição dos recônditos mais secretos da interioridade humana para aquele que tudo vê. Lá no deserto, é onde se abandonam as ilusões, especialmente as de si mesmo. (muitos vezes nós nos achamos) ai o Senhor nos coloca no deserto. Portanto, o deserto é um lugar, não necessariamente geográfico, de estar por inteiro diante de Deus; é um lugar, onde tudo o que nos ilude e nos engana é desmascarado e coloca-nos face a face com Deus. O deserto é um estado de coração e de espírito. Pode ser um lugar de dor, mas também de conhecimento e transformação. É o lugar onde os ídolos são quebrados e as falsas proteções desaparecem, onde os títulos e as posições não representam nada, é  o lugar da nudez total e do abandono completo em Deus e do encontro pleno com Ele. O deserto é um lugar de ruptura, de recomeço, de autoconhecimento, de desencantamento das ilusões, de encontro com Deus, assim como foi com Elias.

2 – A resposta de Deus para Elias. O Senhor mandou um anjo levar pão e agua para seu servo. Isso revela que a comunhão com Deus (pão fala de comunhão), e a Palavra, (água fala da Palavra) estavam à disposição do profeta. O Senhor deu a ele, uma boa refeição, uma noite de sono, mais uma refeição, e o fez voltar para o lugar da revelação, o monte de Deus (1Rs 19. 5-8). Em seguida, o Senhor lhe diz que ainda tinha trabalho para ele fazer, dando novos sentidos para seu ministério (19.15,16).

Deus fez Elias entrar num processo de cura muito interessante: 1) deu-lhe refrigério físico, providenciando-lhe descanso, comida e bebida; 2) desafiou-o mentalmente a olhar para si mesmo e verbalizar as suas preocupações; 3) lhe fortaleceu emocionalmente mostrando o seu poder; 4) deu-lhe uma nova atribuição a fazer e encorajou-o a retornar ao trabalho; e 5) providenciou para ele uma companhia para ficar ao seu lado, Eliseu. Isso mostra que, sempre e infinitamente, Deus é aquele que nos acorda, alimenta, conforta por intermédio da sua Palavra e que nos convida a caminhar e a prosseguir.

A Deus seja a gloria

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