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domingo, 21 de fevereiro de 2021

A VIDA DIÁRIA DO CRISTÃO

 

Quando passares pelas águas, estarei contigo, e, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem chama arderá em ti.” (Is 43.2)

Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” (Jo 16.33)

 

Não existe caminho sem vales e montanhas. Assim também não há cristão, por mais fiel que seja ao Senhor, que não passe por lutas e provas, algumas delas mais duras e aparentemente intransponíveis.

No texto de Isaias há três figuras elencadas pelo profeta: águas, rios e fogo. Todas elas, referem-se a provações, as mais diferentes e diversas, que temos que passar, enquanto caminhantes peregrinos e forasteiros neste mundo. No texto do Evangelho segundo João, Jesus resume tudo em uma só palavra: aflições. Exatamente assim, no plural: aflições. Aguas, rios e fogo. Ninguém escapa. Não adiante achar que é mais espiritual, mais amigo de Deus, mais profeta, mais pregador, que ora mais,  etc. Todo verdadeiro cristão vive o que falou Davi: “Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas” (Sal 34.19).

João Batista foi uma das figuras mais destacadas na Bíblia. Nenhum dos apóstolos, nem mesmo Paulo, tiveram alguma profecia sobre seus nascimentos no Antigo Testamento, mas o Batista sim. Dele está escrito: “Vos do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus” (Is 40.3). Jesus testemunhou dele dizendo: “Mas, então, que foste ver? Um profeta? Sim, vos digo eu, e muito mais do que profeta; porque é este de quem está escrito: Eis que que diante da tua face envio o meu anjo, que preparará diante de ti o teu caminho. Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista...” (Mt 11. 9-11). E mesmo assim, ele passou tão grandes lutas, que chegou a duvidar que Jesus era de fato o Messias, que ele mesmo havia apresentado à multidão às margens do Jordão – ler Jo 1.29 e Mt 11. 2,3.

Jesus não mandou uma dura repreensão para João através de seus discípulos, mas, começou a fazer milagres e logo disse: “Ide e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes...” (Mt 11. 4). Porém, não podemos minimizar o fogo de luta e tribulação pela qual passou o batizador, pois estava preso injustamente, e sabia que a qualquer momento poderia morrer. Tenho certeza que sua fé foi avivada com a chegada de seus discípulos, e com a resposta dada por Jesus.

Como é bom, na hora da prova, das dúvidas, das incertezas e interrogações da vida, contarmos com presença inconfundível do Espírito Santo, que Jesus disse: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre” (Jo 14. 16). E o próprio Jesus disse: “...e eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28.20.b).

Ele não disse que não teríamos lutas e provas, mas prometeu estar conosco em todas as ocasiões. Ah, como isso nos conforta! Passar as lutas com Jesus é diferente. Passar pelo fogo com a presença de Deus é saber que, qualquer que for o resultado, terá sido a perfeita vontade dEle. O salmista sabia disso quando escreveu a pérola dos Salmos: “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam” (Sal 23.4).

Confiemos em sua doce e poderosa presença.

De seu amigo

Pr Daniel Nunes

domingo, 14 de fevereiro de 2021

A PERFEITA HUMANIDADE DE JESUS

 


A ENCARNAÇÃO DO VERBO

No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1.1);

E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14);

E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade; Aquele que se manifestou em carne foi justificado em Espírito; visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima na gloria” (1Tm 3.16);

Nisto conhecereis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus e todo espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus” (1Jo 4.2,3).

Logicamente, para falarmos sobre a verdadeira humanidade de Jesus, vamos estar usando como base fundamental os textos do Novo Testamento. Normam Geisler nos diz que são textos comprovadamente autênticos, e que “O registro do Novo Testamento, principalmente dos evangelhos, é um dos documentos mais confiáveis do mundo antigo”.

Antes de falarmos sobre tão profundo e relevante assunto, perguntamos: Qual o verdadeiro alvo da encarnação do verbo, ou da humanização do filho de Deus? Veremos algumas respostas dadas pelo próprio Senhor Jesus Cristo:

- Porque o filho Homem veio salvar o que se havia perdido (Mt 18.11);

- Prosseguiu Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não veem vejam, e os que veem se tornem cegos (Jo 9.39);

- Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade (Jo 18.37);

- Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância (Jo 10.10);

Vejamos agora o que os apóstolos disseram e o que os anjos falaram a respeito de sua missão na terra:

- Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele Salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1.21); Disse o anjo para José.

- Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai (Lc 1.32), isto é, que Ele veio para assumir o controle da humanidade, disse o anjo a Maria;

- E aos pastores disseram: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor (Lc 2.11);

- E para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo (1Jo 3.8); Disse O apóstolo João.

- Disse João Batista: Ele vos batizará com Espírito Santo e com fogo (Mt 3.11);

- Paulo disse que Ele veio para derrubar a parede de separação que havia entre os povos (Ef 2.14);

- Paulo ainda disse: “Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo  (2Co 5.19).

- A Tito Paulo escreveu dizendo: “Porque a graça de Deu se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Ti 2.11).

- A encarnação do Verbo é a prova incontestável do grande amor de Deus pela humanidade: “Porque Deus amor o mundo de tal maneira, que deu seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).

Na verdade, toda história de nossa redenção começa com a encarnação do Verbo. Isto representa a intervenção divina na terra. Representa a inutilização de todas as pretensões do diabo. Pois, desde o princípio já ficou dito pelo Senhor Deus, que Ele enviaria um que esmagaria a cabeça da serpente, quer dizer, os pensamentos, as intensões, as tramas, ou estratagemas do diabo, ficaram destruídas com a vinda do Messias de Deus. Disse João:  “...para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo” (1Jo 3.8b).

Sem a encarnação não haveria a morte na cruz, e consequentemente, não haveria a ressurreição.  Outra coisa que a encarnação marca, é a chegada da plenitude dos tempos, referido por Paulo em Gálatas 4.4. Os gregos deram a língua para o mundo de então, os romanos a paz e as estradas para que o evangelho percorresse com maior velocidade, e os Judeus esperavam ansiosamente a vinda do Messias. A pergunta feita pelos discípulos, quando o Senhor estava para subir aos céus, revela a ânsia dos judeus pela emancipação: “Restauraras tu neste tempo o reino a Israel? E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder. Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1. 6-8).

 

 

A ENCARNAÇÃO DO VERBO NA HISTORIA DA HUMANIDADE

Deus, o Pai, resolve o problema do homem, usando o próprio homem. Porém, não um homem qualquer, mas um homem perfeito. Disse Deus: “E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirá o calcanhar” (Gn 3.15). O evangelista Moody chamou esse texto de protoevangelho.

Outro texto de singular importância quanto ao assunto, é o de Romanos 8.2: “Porquanto, o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne”. Todos que olhavam para Jesus, viam nele apenas um homem. Como disse Isaias: “Era desprezado e o mais indigno entre os homens, homem de dores, experimentado nos trabalhos...” (Is 53.3). A mulher samaritana disse: “...Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?” (Jo 4. 9). Pilatos, ao apresenta-lo para ser crucificado disse: “...Eis aqui o homem” (Jo 10. 5b).

O único problema do homem é definitivamente o pecado. Mesmo que o marxismo diga que é econômico; a psicologia e a filosofia diga que é a falta de conhecimento; a psicanalise afirme ser de natureza sexual; Jesus disse que o problema do homem é o pecado.

O problema do pecado, não poderia ser resolvido pelo próprio homem. E para tão complexo problema, a solução teria que vir da parte de Deus, começando de dentro para fora. No plano eterno de Deus, tudo já estava realizado, bastava agora, se cumprir o que escreveu o escritor aos Hebreus, citando o Salmo 40, “Pelo que, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste”(Hb 10.5). Jesus tinha um corpo tão real, tão natural como qualquer um de nós. Como escreveu João: “O que era desde o princípio, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida” (1Jo 1.1); Jesus, por ocasião da celebração da ceia com seus discípulos disse: “...Isto é o meu corpo, que por vós é dado...” (Lc 22. 19).

Seria necessário o Deus eterno entrar no próprio ser humano para trata-lo. Somente a divindade suprema e cheia de amor, perfeita, poderia penetrar no seu interior para conhece-lo por dentro e por fora. Sendo assim, Jesus, sofreu tudo o que o ser humano sofre, pois vivenciou todas as situações, como fome, sede, cansaço, emoções, aspirações, frustações, dores, lutas, dificuldades e tentações, pois dEle está escrito: “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas, sem pecado” (Hb 4.15).

Jesus, tornou-se plenamente humano. Nasceu como todas as criancinhas nascem. Foi amamentado com leite materno, submeteu-se as leis da natureza, crescendo como qualquer homem, passando por todas as fases: infância, adolescência e maturidade. Foi registrado nos anais da humanidade, pois ele nasceu em meio a um recenseamento e seus pais não deixariam de registra-lo, logo Ele fez questão de ser chamado de “Filho do Homem” para enfatizar a sua humanidade (Mt 20.28).

Portanto a doutrina da encarnação do Verbo é a doutrina mater do cristianismo. O diabo fez de tudo para que o nascimento de Jesus não acontecesse. Pois o seu nascimento foi o maior golpe que Satanás recebeu. Desde que ele incitou a Faraó matar os filhos dos hebreus, e a Herodes a matar as criancinhas de dois anos para baixo, demostrava o medo do nascimento daquele que iria lhe esmagar a cabeça.

Paulo, ao escrever aos Filipenses, falando sobre Jesus, nos diz: “Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achando na forma de homem, humilhou-se a sim mesmo, sendo obediente até a morte e morte de cruz” (Fil 2. 6-8).

Já no segundo século os pais da igreja combateram as heresias do “docetismo”, doutrina herética que pregava que o corpo de Jesus era apenas de aparência e não real. Docetismo vem do grego dokeo = para parecer.  O próprio Jesus, após ressuscitado disse a Tomé: “Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega a tua mãos e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo mas crente” (Jo 20. 27). Aos 11 reunidos, ele disse: “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo. Tocai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem osso, como vedes que eu tenho” (Lc 24. 39).

Jesus, o Verbo de Deus encarnado. Ele de fato esteve aqui nesta terra. Ele habitou com os homens.

Um poeta cristão escreveu

Aquela Forma gloriosa, aquela Luz inefável...

Ele tudo deixou de lado para estar aqui conosco,

Abandonou a corte celestial da eternidade,

Preferiu estar aqui, numa casa escura, de barro mortal.

Amém

Pr Daniel Nunes da Silva