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quinta-feira, 1 de junho de 2023

A MORTE DE UM DOS MAIORES PREGADORES DE TODOS OS TEMPOS


Enquanto as chamas cresciam sob seu corpo atado àquela estaca, ele balbuciava assim: “Cristo filho do Deus vivo, tem misericórdia de nós; Cristo filho do Deus vivo, tem misericórdia de mim; Tu, que nasceste da virgem Maria”.

Era verão de 1415, quando John Huss foi levado e atado a uma estaca. Aos seus pés foi colocado feno e gravetos, e, em seguida acenderam o fogo no qual assaram vivo um dos maiores expoentes das verdades Bíblicas. Porém, o que levou Huss a condenação na fogueira? Ele que nasceu por volta do ano 1370, de uma família campesina, em Husinec, na Boêmia, hoje República Tcheca. Seu nome Huss, veio do prefixo do nome de sua cidade onde nasceu que significava “ganso”. Homem, que muito cedo estudou, se tornando versado nas escrituras e eloquente pregador do Evangelho de Jesus. A igreja onde pregava, ganhou o nome de Igreja Belém (casa de pão), exatamente porque os mais de três mil ouvintes que lotavam o santuário para ouvi-lo, recebiam o pão da Palavra de Deus através de suas prédicas.

Seus ensinamentos através das Escrituras Sagradas impactou tremendamente sua própria vida, pois começou a ver a falência do sistema católico-romano. Ele deu testemunho da transformação espiritual dizendo: “Quando eu era jovem, na idade e na razão, eu também pertenci à tola seita. Mas, quando o Senhor me deu conhecimento da Escritura, descartei esse tipo de estupidez de minha mente tola”. Foi esse compromisso com a Bíblia que se tornou a marca de seu ministério.

A grande crise entre John Huss e o Papa de Roma, foi quando a Igreja Católica Romana autorizou a venda das indulgencias (a compra de um terreno no céu) em Praga. Huss denunciou publicamente tal prática, e, isso o levou a excomunhão papal. Porém, mesmo excomungado continuava pregando na Capela de Belém. Para que ele parasse de pregar foi preciso que se decretasse que, nenhum cidadão receberia a comunhão e nem poderia ser enterrado no terreno da igreja enquanto ele continuasse pregando. Então ele parou em beneficio do povo.

Sem dúvida, a maior obra de John Huss foi: De Ecclesia (A Igreja), onde ele apresentava suas maiores discórdias com o Catolicismo Romano. Nessa fenomenal obra ele ensina que a Igreja de Cristo, é formada por todos os cristãos de todos os tempos. Enquanto a posição da Igreja Católica Romana era que o “papa é a cabeça e os cardeais o corpo da Igreja”. Os leigos comuns não eram de fato membros, mas apenas comungavam com a igreja, através da Mesa do Senhor. Nessa Obra ele também afirma que a autoridade da Bíblia está acima da Igreja.

Porém, o que de fato levou Huss a fogueira, foi quando ele começou a ensinar que somente Cristo é de fato a cabeça da Igreja. Denunciou os sacerdotes, cardeais e papas corruptos de seus dias, como desqualificados para qualquer tipo de liderança espiritual, e, argumentou que a verdadeira autoridade pertence a Cristo e à sua Palavra. Disse John Huss: “Se as declarações papais concordarem com a lei de Cristo, elas devem ser obedecidas. Se discordarem, então os discípulos de Cristo devem permanecer leais e corajosamente com Cristo, contra toda e qualquer bula papal, e, se necessário, suportar maldição e morte”.

O historiador Matthew Spinka resume assim os escritos de Huss: “Um sermão a respeito do apóstolo Pedro, Huss afirma que a Igreja não é fundada sobre (Pedro), mas “na base mais segura que é Cristo Jesus”. Como apoio à sua afirmação ele cita a passagem de Paulo: “Porque ninguém pode lançar outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1Co 3.11). O papa, que usurpou este poder, não deseja ouvir que Cristo perguntou a Pedro três vezes, antes de conceder-lhes as chaves, se ele O Amava. Somente depois de Pedro declarar seu amor por Cristo, foi que ele lhe pediu: “Apascentas as minhas ovelhas”. No entanto, o papa e muitos sacerdotes não amam a Deus e não apascentam as ovelhas; o que fazem, contudo, é arrebatar as chaves, a fim de possuírem poder terreno”.

Assim um dos maiores pregadores no século XIII morreu cantando um hino nas chamas da inquisição.

 

Bibliografia

MACARTUR, j. (tradução Valdir Pereira dos Santos). Escravo: a verdade escondida sobre nossa identidade em Cristo – 65-71 - Ed. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2012.

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